Novas formas de performance social no contexto digital da “economia da partilha”
Mots-clés :
economia da partilha, plataformas digitais, capitalismo de plataforma, preconceito, internetRésumé
Este artigo investiga como a Airbnb e BlaBlaCar utilizam o conceito de partilha para causar impacto nos modos de produção do caitalismo digital e estruturar novas formas de dramatização social. Através da análise das interfaces destas plataformas digitais, verificou-se que tais estruturas proporcionam às pessoas que utilizam os serviços da “economia da partilha” a sistematização de um retrato idealizado de si mesmas marcado por imaginários sociais sobre o trabalho colaborativo, a confiança mútua e a vida em comunidade. Constatou-se também que o funcionamento destas plataformas estimulam a formação de espaços de segurança a partir de procedimentos de validação de identidade auto-regulados pela avaliação de comportamentos e por uma vigilância recíproca entre os/as participantes. O objetivo principal deste método é garantir uma utilização fiável entre consumidores/as e prestadores/as de serviços. No entanto, ao constatar que o sucesso da “economia da partilha” está alicerçado na ideia de confiança entre os pares, notou-se que tais plataformas podem constituir-se em espaços de reafirmação e de reprodução de desigualdades sociais entre grupos de pessoas historicamente discriminadas.Références
Bauman, Z. (2003). Comunidade: a busca por segurança no mundo atual (trad. P. Dentzien). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.
Bauwens, M. (2006). The Political Economy of Peer Production. Disponível em www.informatik.uni-leipzig.de/graebe/Texte/Bauwens-06.pdf, acesso em: 10 de Março de 2018.
Benkler, Y. (2006). The wealth of networks: how social production transforms markets and freedom. Yale University Press.
Botsman, R., & Rogers, R. (2010). What’s mine is yours: the rise of collaborative consumption. Harper Business.
Codagnone, C. & Martens, B. (2016). Scoping the Sharing Economy: Origins, Definitions, Impact and Regulatory Issues. Institute for Prospective Technological Studies Digital Economy Working Paper 2016/01. JRC100369.
Costa, R.; Fernandes, V.; Gonçalves, F., & Gonçalves, F. (2017). A construção da confiança em experiências de hospitalidade mediadas pela internet: os casos do Airbnb e do Couchsurfing. Comunicação Mídia E Consumo, 14(39): 67.
Cox, M. (2017). The Face of Airbnb, New York City: Airbnb as a Racial Gentrification Tool. Inside Airbnb: 1-12. Disponível em http://brooklyndeep.org/wpcontent/uploads/2017/03/the-face-of-airbnb-nyc.pdf, acesso em 25 de Agosto de 2017.
Doleac, J. & Stein, L. (2013). The Visible Hand: Race and Online Market Outcomes. The Economic Journal, 123(572): F469-F492.
Edelman, B. & Luca, M. (2014). Digital Discrimination: The Case of Airbnb.com. SSRN Electronic Journal.
Edelman, B.; Luca, M. & Svirsky, D. (2017). Racial Discrimination in the Sharing Economy: Evidence from a Field Experiment. American Economic Journal: Applied Economics, 9(2): 1-22.
Ert, E.; Fleischer, A. & Magen, N. (2016). Trust and reputation in the sharing economy: The role of personal photos in Airbnb. Tourism Management.
Faber, J. (2013). Racial Dynamics of Subprime Mortgage Lending at the Peak. Housing Policy Debate, 23(2): 328-349.
Farajallah, M.; Hammond, R. & Pénard, T. (2016). What Drives Pricing Behavior in Peer-to-Peer Markets? Evidence from the Carsharing Platform BlaBlaCar. Disponível em https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=2828046.
Fernandes, J. et. Al. (2019). Lisboa e a Airbnb. Lisboa: Book Cover.
Fukuyama, F. (1995). Trust: the social virtues and the creation of prosperity. Free Press.
Gallagher, L. (2017). The Airbnb Story: How Three Ordinary Guys Disrupted an Industry, Made Billions ... and Created Plenty of Controversy. New York: Houghton Mifflin Harcourt Press.
Gandini, A. (2016). The Reputation Economy: Understanding Knowledge Work in Digital Society. London: Palgrave Macmillan.
Ge, Y.; Knittel, C.; MacKenzie, D. & Zoepf, S. (2016). Racial and Gender Discrimination in Transportation Network Companies. Cambridge, MA.
Goffman, E. (1993). A apresentação do eu na vida de todos os dias. Relógio d’Água.
Hearn, A. (2010). Structuring feeling: Web 2.0, online ranking and rating, and the digital ‘reputation’ economy. Ephemera, 10(3/4): 421-438.
Inside Airbnb. (2017). The Face of Airbnb, New York City: Airbnb as a Racial Gentrification Tool. Disponível em http://brooklyndeep.org/wp-content/uploads/2017/03/the-face-of-airbnb-nyc.pdf, acesso em 25 de Agosto de 2017.
Kostakis, V. & Bauwens, M. (2014). Network Society and Future Scenarios for a Collaborative Economy. London: Palgrave Macmillan UK.
Kricheli-Katz, T. & Regev, T. (2016). How many cents on the dollar? Women and men in product markets. Science Advances, 2(2).
Luhmann, N. (1979). Trust and Power. Chicheter; New York; Brisbane; Toronto: John Wiley & Sons.
Luhmann, N., King, M., Morgner, C., Davies, H., Raffan, J., & Rooney, K. (2017). Trust and Power. Polity Press.
Mazzella, F. & Sundararajan, A. (2016). Entering the Trust Age. Disponível em www.blablacar.com/wp-content/uploads/2016/05/entering-the-trust-age.pdf, acesso em: 10 de Março de 2018.
Mikołajewska-Zajac, K. (2018). Terms of reference. The moral economy of reputation in a sharing economy platform. European Journal of Social Theory, 21(2): 148-168.
Möhlmann, M. (2016). Digital Trust and Peer-to-Peer Collaborative Consumption Platforms: A Mediation Analysis. SSRN Electronic Journal.
Möllering, G. (2001). The Nature of Trust: From Georg Simmel to a Theory of Expectation, Interpretation and Suspension. Sociology, 35(2): 403-420.
Moss-Racusin, C.; Dovidio, J.; Brescoll, V.; Graham, M. & Handelsman, J. (2012). Science faculty’s subtle gender biases favor male students. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, 109(41): 16474-16479.
Mota, R. (2016). Confiança e complexidade social em Niklas Luhmann Trust and social complexity in Niklas
Luhmann. PLURAL, Revista Do Programa de Pós Graduação Em Sociologia Da USP, 23(2): 182-197.
Noble, S. (2018). Algorithms of oppression: how search engines reinforce racism.
Pager, D.;Western, B. & Bonikowski, B. (2009). Discrimination in a Low-Wage Labor Market: A Field Experiment. American Sociological Review, 74(5): 777-799.
Richardson, L. (2015). Performing the sharing economy. Geoforum, 67: 121-129.
Rifkin, J. (2016). A sociedade do custo marginal zero. Lisboa: Bertrand Editora.
Roscigno, V.; Karafin, D. & Tester, G. (2009). The Complexities and Processes of Racial Housing Discrimination. Social Problems, 56(1): 49-69.
Saturnino, R. (2014). A retórica da ilusão: Esboços da Cibernética no rastro da Sociedade da Informação. Redes.com, 10: 327-359.
Schor, J. (2014). Debating the Sharing Economy. Disponível em https://greattransition.org/images/GTI_publications/Schor_Debating_the_Sharing_Economy.pdf.
Schor, J. & Attwood-Charles, W. (2017). The “sharing” economy: labor, inequality, and social connection on for-profit platforms. Sociology Compass, 11(8): e12493.
Simmel, G. (2004). The philosophy of Money. (D. Frisby, ed.) (3rd ed.). London; New York: Routledge.
Srnicek, N. (2016). Platform Capitalism. Cambridge: Polity Press.
Tilcsik, A. (2011). Pride and prejudice: employment discrimination against openly gay men in the United States. AJS; American Journal of Sociology, 117(2): 586-626.
Zero Empty Seats. Relatório da BlaBlaCar. (2019). Research consultancy Le BIPE, Verena Butt d’Espous and Laure Wagner. Disponível em https://drive.google.com/file/d/13UlmrdhW6ceUuZPq8yQuCJur_dqI6X87/view, acesso em 20-09-2019.