As jornalistas de desporto em Portugal: minoritárias e com pouco poder
Mots-clés :
jornalismo, redações, mulheres, desporto, des/igualdades de género.Résumé
O mundo do jornalismo de desporto tem sido visto como predominante e tradicionalmente masculino, paradigma que permanece (Strong, 2007), em que as jornalistas são consideradas outsiders pelo facto de serem mulheres e insiders pela sua adesão às normas e valores da cultura profissional (Hardin & Shain, 2006: 1). Apesar de o jornalismo em Portugal receber a entrada de mais mulheres do que homens, podendo falar-se de uma feminização da profissão (Subtil, 2000; Fernandes, 2008), este panorama não se verifica no caso do desporto, em que as mulheres enquanto profissionais continuam a surgir em número reduzido. Paralelamente, a sua presença nas hierarquias das empresas mediáticas nacionais, concretamente nos setores dedicados à temática desportiva, continua a ser rara (Subtil, 2009). Neste artigo apresentamos os resultados de um estudo focado nas/nos jornalistas que trabalham nas editorias/secções de desporto portuguesas. Através de um questionário aplicado a 19 órgãos de comunicação social nacionais (i.e., agência, imprensa, rádio, televisão e online) verificamos a persistência de um desequilíbrio de género, pois as jornalistas continuam a ser minoritárias – 15% – e possuem pouco poder na estrutura das redações jornalísticas dedicadas à temática desportiva – 16% –.
Références
Amâncio, L. (2001). O género na psicologia: uma história de desencontros e rupturas. Psicologia, XV(1), 9-26.
Amâncio, L. (2003). O género nos discursos das ciências sociais. Análise Social, 38(168), 687- 714.
Andringa, D. (2014). Imaginário e realidade. In J. Rebelo (org.), As novas gerações de jornalistas em Portugal (pp.73-81). Lisboa: Editora Mundos Sociais.
Boyle, R. (2006). Sports journalism: context and issues. London: Sage Publications.
Cardoso, G. & Mendonça, S. (2017). Jornalistas e condições laborais: retrato de uma profis- são em transformação. [e-book]. Lisboa: OberCom. Acedido em https://obercom.pt/wp- content/uploads/2017/03/2017_OBERCOM_Jornalistas_Condicoes_ Laborais.pdf
Cerqueira, C. (2012). Quando elas (não) são notícia: mudanças, persistências e reconfigurações na cobertura jornalística sobre o Dia Internacional da Mulher em Portugal (1975-2007). Tese de doutoramento em Ciências da Comunicação, Universidade do Minho, Braga, Portu- gal.
Chambers, D.; Fleming, C. & Steiner, L. (2004). Women and journalism. London: Routledge. Correia, F. & Baptista, C. (2007). Jornalistas – do ofício à profissão – mudanças no jornalismo
português (1956-1968). Lisboa: Editorial Caminho.
Creedon, P. J. (1994). Women, media and sport: creating and reflecting gender values. In P.J. Creedon (ed.), Women, media and sport: challenging gender values (pp. 3-27). California: Sage Publications.
de Bruin, M. (2000). Gender, organizational and professional identities in journalism. Journalism – theory, practice and criticism, 17(4), 239-260. Acedido em http://journals.sagepub.com/doi /abs/10.1177/146488490000100205.
de Bruin, M. (2014). Gender and newsroom cultures. In Media and gender: a scholarly agenda for the global alliance on media and gender [e-book]. Paris: UNESCO. Acedido em www.unesc o.org/new/fileadmin/MULTIMEDIA/HQ/CI/CI/pdf/publications/gama g_research_agenda_ bruin.pdf.
Esteves, J. P. (1999). Os media e a questão da identidade – sobre as leituras pós-modernas do fim do sujeito. Lisboa: Universidade Nova.
Fernandes, J. L. (2008). Motivações e modos de acesso na profissão de jornalista. Trajetos, 12, 97-115.
Franks, S. & O’Neill, D. (2016). Women reporting sport: Still a man’s game?. Journalism – the- ory, practice and criticism, 17(4), 474-492. Acedido em http://journals.sagepub.com/doi/10. 1177/1464884914561573.
Gallagher, M. (1981). Unequal opportunities. The case of women and the media. Paris: UNESCO.
Gallagher, M. (2014). Feminist scholarship and the debates on gender and communication. In Me- dia and gender: a scholarly agenda for the global alliance on media and gender [e-book]. Pa- ris: UNESCO. Acedido em www.unesco.org/new/fileadmin/MULTIME DIA/HQ/CI/CI/pdf/p ublications/gamag_research_agenda_bruin.pdf.
Gallego, J. (2013). De reinas a ciudadanas. Medios de comunicación – motor o rémora para la igualdad?. Espanha: Aresta.
Ghiglione, R. & Matalon, B. (1995). O inquérito – teoria e prática. Oeiras: Celta Editora. Gill, R. (2011). Sexism Reloaded, or, it’s Time to get Angry Again!. Feminist Media Studies, 11(01), 61-71. Acedido em http://dx.doi.org/10.1080/14680777.2011.537029.
Gill, R. (2013). Gender and the media. Cambridge: Polity Press.
Hardin, M. & Shain, S. (2005). Female sports journalists: are we there yet? “No”. Newspaper Re- search Journal, 26, 22-35. Acedido em www.researchgate.net/publicati on/265197297_Fema le_Sports_Journalists_Are_We_There_Yet_%27No%27.
Hardin, M. & Shain, S. (2006). Feeling much smaller than you know you are: the fragmented professional identity of female sports journalists. Critical Studies in Media Communication, 23(4), 322-338. Nova Iorque: Routledge. Acedido em www.tandfonline.com/doi/abs/10.108 0/07393180600933147?journalCode=rcsm20.
Horky, T. & Nieland, U. (2011). International sport press survey 2011. Consultado em julho 27, 2017, em www.playthegame.org/fileadmin/image/PTG2011/Presentation/PTG_Nieland- Horky_ISPS_2011_3.10.2011_final.pdf .
Lobo, P.; Silveirinha, M. J.; Torres da Silva, M. & Subtil, F. (2015). In Journalism we are all Men. Journalism Studies, 18(9). Acedido em www.tandfonline.com/doi /abs/10.1080/1461670X.2 015.1111161?journalCode=rjos20.
Marques da Silva, S. (2010). Mulheres e feminilidade em culturas ocupacionais de hegemonia masculina. In V. Ferreira (org.), A igualdade de mulheres e homens no trabalho e no emprego em Portugal: políticas e circunstâncias. Lisboa: CITE.
Marshment, M. (1993). The picture in political: representation of women in contemporary popular culture. In D. Richardson & V. Robinson (eds.), Introducing women’s studies (pp. 123-150). Londres: Macmillan Press.
Mendes, K. & Carter, C. (2008). Feminist and gender media studies: a critical overview. Sociology Compass, 2(6), 1701-1718.
Miller, P. & Miller, R. (1995). The invisible woman: female sports journalists in the workplace. J & MC Quarterly, 72(4), 883-889.
Miranda, J. (2014). Notas sobre o papel e a situação da mulher no processo de profissionaliza- ção do jornalismo português e no decurso da desregulação profissional. Revista Media & Jornalismo, 25(14), 53-64.
O’Neill, D. & Franks, S. (2016). A sporting chance for women? Gender imbalance on the sports desks of UK national newspapers. Media Report to Women, 44(1), 21-22.
Pedersen, P. M.; Whisenant, W. & Schneider, R. G. (2003). Using a content analysis to examine the gendering of sports newspaper personnel and their coverage. Journal of Sports Management, 17, 376-393.
Quivy, R. & Campenhoudt, L. V. (1998). Manual de investigação em ciências sociais. Lisboa: Gradiva Publicações.
Robinson, V. (1997). Introducing women’s studies. In V. Robinson & D. Richardson (eds.), Introducing women’s studies: feminist theory and practice (pp.1-26). Londres: MacMillan Press.
Salim, I. (2008). A ‘Feminização’ do jornalismo em portugal. Trajetos, 12, 117-124. Sheehan, K. B. (2001). E-mail survey response rates: a review. Journal of Computer-Mediated Communication, 6(2). Acedido em http://dx.doi.org/10.1111/j.10 83-6101.2001.tb00117.x. Silva, A. da & Tavares, T. (2001). Estudos culturais, estudos sobre as mulheres e estudos culturais sobre as mulheres. Ex aequo, 5, 123-148. Oeiras: Celta Editora.
Silveirinha, M. J. (2004). Os media e as mulheres: horizontes de representação, de construção e de práticas significantes. In M. J. Silveirinha (org.), As mulheres e os media (pp.5-12). Lisboa: Livros Horizonte.
Silveirinha, M. J. (2012). As mulheres e a afirmação histórica da profissão jornalística: contributos para uma não-ossificação da história do jornalismo. Comunicação e Sociedade, 21, 165-182. Braga: CECS.
Sobreira, R. (2003). Os jornalistas portugueses: 1933-1974: uma profissão em construção. Lis- boa: Livros Horizonte.
Steiner, L. (2009). Gender in the newsroom. In K.W. Jorgensen & T. Hanitzsch (eds.), Handbook of journalism studies (pp.116–29). London: Routledge.
Strong, C. (2007). Female journalists shun sports reporting: lack of opportunity versus lack of attractiveness. Communication Journal of New Zealand, He Kohinga Korero, 8(2), 7-18.
Subtil, F. (2000). As mulheres jornalistas. Biblioteca On-line de Ciências da Comunicação, 1-17. Acedido em http://www.bocc.ubi.pt/pag/subtil-filipa-mulheres-jornalistas.pdf.
Subtil, F. (2009). Anotações sobre o processo de feminização da profissão de jornalista na década de 1990. In J. L. Garcia (org.), Estudos sobre os jornalistas portugueses – metamorfoses e encruzilhadas no limiar do século XXI (pp 93-108). Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais.
Subtil, F. & Silveirinha, M. J. (2017). Caminhos da feminização da profissão de jornalista em Portugal: da chegada em massa à desprofissionalização. In J. N. Matos, C. Baptista & F. Subtil (orgs.), A crise do jornalismo em Portugal (pp. 122-133). Porto: Deriva.
Tuchman, G. (1978). Introduction: the symbolic annihilation of women by the mass media. In G. Tuchman, A. K. Daniels & J. Benet (eds.), Hearth and home: images of women in the mass media (pp.3-38). New York: Oxford University Press.
Tuchman, G. (2009). Media, género, nichos. Revista Media & Jornalismo, 15(8), 15-24.
Van Zoonen, L. (1994 [2009]). Feminist media studies. London: Sage.
Ventura, I. (2012). As primeiras mulheres repórteres – Portugal nos anos 60 e 70. Lisboa: Tinta da China.