Riscos, dilemas e oportunidades: atuação jornalística em tempos de Covid-19
Palabras clave:
jornalismo, pós-verdade, “fake news”, processos produtivos, precarização, infodemiaResumen
Este artigo trata da atuação do jornalismo durante a pandemia de SARS-COV.2 (Covid-19), em 2020. Neste contexto singular, em que os jornalistas e os média em geral tiveram um papel preponderante, refletimos sobre o campo jornalístico (Bourdieu, 1992) relacionando-o com uma noção construtivista da realidade (Berger & Luckmann, 1999). No entanto, recorremos às noções de pós-verdade e de “fake news” para demonstrar duas das principais linhas de força que envolvem hoje os média em geral, bem como para expor uma análise de casos sobre instituições como a Organização Mundial de Saúde e a Comissão Europeia. O objetivo foi o de dar conta dos problemas de desinformação e de “infodemia” (Zarocostas, 2020), que ocupam as brechas informativas na internet. O método utilizado foi misto. Na dimensão quantitativa, recorremos à aplicação de um inquérito online com uma amostra de 365 pessoas, entre jornalistas de imprensa, nos média em geral e consumidores recorrentes de notícias, sobre processos produtivos, rotinas de trabalho, informação gerada durante a quarentena e consumo de notícias em tempo de confinamento. Na dimensão qualitativa, recorremos à descrição de casos que demonstram a presença do fenómeno da pós-verdade e das “fake news” em tempos de pandemia e de como isso pode ter afetado comportamentos sociais. Os resultados desta análise apontam para a necessidade de serem revistas determinadas rotinas produtivas do campo jornalístico, que acentuam falhas de informação, além de práticas que fomentam a precarização profissional. Verificamos que existe falta de postura crítica da imprensa sobre instituições oficiais, cujos discursos, quando erráticos, podem dificultar ao público a perceção da diferença entre “fake news” e verdades provisórias das notícias durante a cobertura da pandemia. Conclui-se, por isso, que existe uma necessidade constante de autoavaliação sobre as falhas do campo profissional.Citas
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