Representações de morte e desvio em narrativas jornalísticas da Amazônia urbana
Resumen
O objetivo deste artigo é analisar como as narrativas jornalísticas produzidas na Amazônia Paraense apresentam as mortes por violência urbana, ancorando-as às representações sociais do bem e do mal, definindo e participando da construção social do fenômeno da violência e da rotulação de desviantes. As narrativas estão inseridas na rotina cotidiana de repercussões em um ambiente sociossimbólico, cujas representações sociais são alimento para as narrativas das mídias jornalísticas e são por elas alimentadas. Pensamos como a comunicação midiática rearranja o fenômeno, na produção de experiência social em uma cotidianidade. Analisamos as narrativas dos principais jornais impressos da região, Amazônia, Diário do Pará e O Liberal, cujo modus narrandi é permeado pela reiteração dualista das mortes por violência urbana, apresentadas como a morte inesperada dos bons e a morte naturalizada dos maus. Pensamos as representações sociais a partir do pensamento de Moscovici e Jovchelovitch, como sistema interpretativo formado por formas de conhecimento socialmente partilhadas, que ordenam e governam as condutas dos indivíduos, face aos objetos sociais da vida cotidiana, constituindo-a, por meio de processos de ancoragem e objetivação.
Citas
Cerqueira, D. R. (2014). Causas e consequências do crime no Brasil. Rio de Janeiro: BNDES.
Cohen, S. (2011). Folk devils and moral panics: the creation of the Mods and Rockers. London: Routledge.
Correia, J. C. (2009). Teoria e crítica do discurso noticioso: notas sobre jornalismo e representações sociais. Covilhã: Livros LabCom.
Costa, A. C. (2011). A violência e os modelos midiáticos de espetáculo. In M. Malcher et al. (Org.). Comunicação midiatizada na e da Amazônia (pp.179-204). Belém: Fadesp.
Ferreira Junior, S. & Costa, A. C. (2016). Enquadramentos e representações sociais da violência urbana na imprensa da Amazônia paraense. Revista Estudos de Jornalismo, 5: 99-114.
Glassner, B. (2003). Cultura do medo. São Paulo: Francis.
Jodelet, D. (2001). Representações sociais: um domínio em expansão. In D. Jodelet (Org.). As representações sociais (pp.17-44). Rio de Janeiro: Ed. UERJ.
Jovchelovitch, S. (2000). Representações sociais e esfera pública: a constru- ção simbólica dos espaços públicos no Brasil. Petrópolis: Vozes.
Jovchelovitch, S. (2008). Os contextos do saber: representações, comunidade e cultura. Petrópolis: Vozes.
Marcondes Filho, C. (2008). Para entender a comunicação: contatos anteci- pados com a nova teoria. São Paulo: Paulus.
Matheus, L. C. (2011). Narrativas do medo: o jornalismo de sensações além do sensacionalismo. Rio de Janeiro: Mauad.
Michaud, Y. (2001). A violência. São Paulo: Ática.
Moscovici, S. (2011). Representações sociais: investigações em psicologia
social. Petrópolis: Vozes.
Motta, L. G. (2013). Análise crítica da narrativa. Brasília: Editora Universi-
dade de Brasília.
Mouillaud, M. (2002). As grandes mortes na mídia. In M. Mouillaud & S. D. Porto (Org.). O jornal: da forma ao sentido (pp.349-361). Brasília: Editora Universidade de Brasília.
Porto, M. S. (2014). Violência e representações sociais. In R. S. Lima, J. L. Ratton & R. G. Azevedo (Org.) Crime, polícia e justiça no Brasil (pp.60-70). São Paulo: Contexto.
Ramos, S. & Paiva, A. (2007). Mídia e violência: tendências na cobertura de criminalidade e segurança no Brasil. Rio de Janeiro: IUPERJ.
Souza, M. L. (2008). Fobópole: o medo generalizado e a militarização da questão urbana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.
Telles, V. S. (2010). A cidade nas fronteiras do legal e ilegal. Belo Horizonte: Argumentvm.
Tuchman, G. (2002). As notícias como uma realidade construída. In J. P. Esteves (Org.). Comunicação e sociedade: os efeitos sociais dos meios de comunicação de massa (pp.91-104). Lisboa: Livros Horizonte.
Veloso, M. S. F. (2014). Imprensa e contra-hegemonia: 20 anos de Jornal Pessoal (1987-2007). Belém: Paka-Tatu.