Vulgo Grace & o paradigma indiciário: os percursos do psicanalista-detetive no romance de Atwood

Autores/as

Palabras clave:

paradigma indiciário, crime, narrativa policial, detetive, romance de época.

Resumen

Um dos difusores do método indiciário no século XIX, o romance policial constrói sua narrativa em cima do mistério que envolve o crime. Notabilizado por Edgar Allan Poe, o gênero desliza e se adapta de acordo com as questões de sua época e de seu contexto histórico. Neste artigo, busca-se refletir a obra Vulgo Grace (2017), de Margaret Atwood, a partir das convenções do gênero policial com o intuito de perceber a presença do paradigma indiciário, aqui utilizado como um percurso metodológico, na investigação da culpabilidade da protagonista do romance. Caminho investigativo trabalhado pelo médico, com técnicas detetivescas mescladas aos conhecimentos dos estudos da mente, ainda embrionários à época. As pistas deixadas pela acusada vão dividir espaço com situações que evidenciam a dificuldade de definir uma verdade única, fazendo um jogo ilusório com o detetive-psicanalista em que culpas, omissões e responsabilidades se entrelaçam e impedem a certeza dos fatos.

Biografía del autor/a

Tatiana Siciliano, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Professora do Departamento de Comunicação e do PPGCOM da PUC-Rio. Doutora em Antropologia Social pelo Museu Nacional - UFRJ.

Tatiana Helich, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Doutoranda em Comunicação Social pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da PUC-Rio. Mestre em Comunicação Social pelo mesmo programa.

Citas

ATWOOD, Margaret. (2017). Vulgo Grace. Trad. Geni Hirata. Rio de Janeiro: Rocco.

BOURDIEU, Pierre. (2005). A Dominação Masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.

ECO, Umberto. (1985). Pós-Escrito a O Nome da Rosa. São Paulo: Nova Fronteira.

ECO, Umberto. (1985). Seis passeios pelos bosques da ficção. São Paulo: Companhia das Letras.

FOUCAULT, Michel. (1988). Vigiar e Punir. Petrópolis: Vozes.

FREUD, Sigmund. (2012). O Moisés de Michelangelo (1914). In: ______. Totem e tabu, contribuição à história do movimento psicanalítico e outros textos (1912-1914). São Paulo: Companhia das Letras.

GINZBURG, Carlo. (1989). Mitos, emblemas e sinais: morfologia e história. Trad. Frederico Carotti. São Paulo: Companhia das Letras.

GUNNING, Tom. (2001). O retrato do corpo humano: a fotografia, os detetives e os primórdios do cinema. In: CHARNEY, Leo; SHWARTZ, Vanessa. O cinema e a invenção da vida moderna. São Paulo: Cosac & Naify.

HUFFPOSTBRASIL. (2017). A intrigante história real por trás de “Alias Grace”, série baseada no livro de Margaret Atwood, nov., 2017. Disponível em: https://bit.ly/32uO9Qm. Acesso em: 05/05/2019.

KRACAUER, Siegfried. (2010). La novela policial: un tratado filosófico. Trad. Silvia Villegas. Buenos Aires: Paidós.

LACAN, Jacques. (1998) Seminário a carta roubada. In: LACAN, Jacques. Escritos. Rio de Janeiro: Zahar.

LOMBROSO, Cesare. (2010) O Homem Delinquente. Tradução: Sebastian José Roque. São Paulo: Ícone.

LUTZ, Catherine; ABU-LUGHOD, Lila. (Eds.). (1990). Language and the Politics of Emotion. Cambridge: Cambridge University Press.

MANDEL, Ernest. (1988). Delícias do crime: história social do romance policial. São Paulo: Busca Vida.

PARTRIDGE, Paul. (2018). Did he do it?: Judging the suspect-protagonist in true crime documentaries. Tese de Doutorado. Faculty of Wesleyan University.

PERROT, Michelle. (2016). Minha história das mulheres. São Paulo: Contexto.

POE, Edgar Allan. (2003). Histórias extraordinárias de Allan Poe. São Paulo: Ediouro.

RANCIÈRE, Jacques. (2013). A fábula cinematográfica. Lisboa: Papyrus.

RANCIÈRE, Jacques. (2017). O fio perdido: ensaios sobre a ficção moderna. São Paulo: Martins Fontes.

REIMÃO, Sandra. (2005). Literatura policial brasileira. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

Publicado

2022-06-03

Número

Sección

Artigos