Humanização e dignidade de mulheres migrantes em imagens fotojornalísticas

Autores/as

  • Ângela Cristina Salgueiro Marques UFMG
  • Jéssica Aparecida de Oliveira Januário UFMG
  • Luis Mauro Sá Martino Faculdade Cásper Líbero

Palabras clave:

fotojornalismo, mulheres migrantes, dignidade, fabulação

Resumen

O objetivo deste artigo é analisar algumas imagens fotojornalísticas de mulheres migrantes latino-americanas, publicadas entre os anos 2018 e 2021 em diferentes veículos (Estadão, Veja, O Tempo e El País), de modo a evidenciar as formas de legibilidade frequentemente associadas às representações de sujeitos e povos em situação de vulnerabilidade. Seria possível construir um outro olhar para as imagens de mulheres migrantes que se distancie da vitimização? Para responder a essa pergunta, tentamos perceber nas imagens alguns gestos e práticas de cuidado, amparo e afeto que evidenciam a agência de mulheres migrantes na criação de espaços afetivos e de amparo. Nesses espaços de cuidado, elas elaboram formas de preservar e fortalecer os vínculos de reciprocidade que permitem a manutenção da vida. A ação cotidiana de mulheres migrantes, quando figurada na imagem, nos auxilia a construir um olhar voltado para a fabulação e a resistência aos enquadramentos que representam sujeitos precários como fadados à miserabilidade, ao invés de figurá-los em sua dignidade e humanidade.

Biografía del autor/a

Ângela Cristina Salgueiro Marques, UFMG

Doutora em Comunicação Social e Professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da UFMG.

Jéssica Aparecida de Oliveira Januário, UFMG

Pesquisadora do Grupo Margem, Departamento de Comunicação, UFMG.

Luis Mauro Sá Martino, Faculdade Cásper Líbero

Professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Faculdade Cásper Líbero.

Citas

ALMEIDA, Mariléa de. (2021). Território de afetos: práticas femininas antirracistas nos quilombos contemporâneos do Rio de Janeiro. História Oral, 24(2), 293-309. https://doi.org/10.51880/ho.v24i2.1209

BARCELOS, Janaína. (2014). Por um fotojornalismo que respeite a dignidade humana: a dimensão ética como questão fundamental na contemporaneidade. Discursos Fotográficos, 2014, 10 (16), 111-134. http://dx.doi.org/10.5433/1984-7939.2014v10n16p111

BIONDI, Angie. (2011). O sofredor como exemplo no fotojornalismo: notas sobre os limites de uma identidade. Brazilian Journalism Research, 7(1), 90-105. https://doi.org/10.25200/BJR.v7n1.2011.287

BIONDI, Angie; MARQUES, A. C. S. (2015). Corpo sofredor: tensões narrativas e política das imagens no fotojornalismo. Brazilian Journalism Research (Online), 11 (2), 120-141. https://doi.org/10.25200/BJR.v11n2.2015.694

BIONDI, Angie. (2016). Três figurações do corpo sofredor no fotojornalismo. In M. L. Martins; M. L. Correia; P. Bernardo Vaz & Elton Antunes (Eds.), Figurações da morte nos média e na cultura: entre o estranho e o familiar, (pp. 227-245), Braga: CECS.

BIONDI, Angie.; MARQUES, Angela. (2020). Crying girl on the border: a colonialidade de gênero na fronteira das imagens. Pauta geral - estudos em jornalismo, 7(1), 1-20. https://doi.org/10.5212/RevistaPautaGeral.v.7.15837

BIONDI, Angie.(2021). O corpo feminizado latino em fotoperformances: Uma hipótese de leitura pela estética feminista decolonial. Tropos: Comunicação, Sociedade e Cultura, 10 (1), 1-19. https://orcid.org/0000-0002-0486-1081

BIONDI, Angie; MARQUES, Ângela. (2021). What remains: imagem, fabulação e experiência de atravessamentos na fotografia de Mónica Lozano. Esferas, n. 22, 314-332. https://doi.org/10.31501/esf.v0i22

BIROLI, Flávia. (2008). Gênero e desigualdades. São Paulo: Boitempo.

BUENO, Winnie. (2020). Imagens de controle: um conceito do pensamento de Patrícia Hill Collins. Porto Alegre: Zouk.

BUTLER, Judith. (2011). Vida precária. Contemporânea – Revista de Sociologia da UFSCar. São Carlos, 1 (1), 13-33.

BUTLER, Judith. (2015). Quadros de Guerra. Quando a vida é passível de luto? Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

BUTLER, Judith. (2019). Vida precária. Belo Horizonte: Autêntica, 2019.

CALDERÓN, Andrea Soto. (2020). La performatividad de las imágenes. Santiago de Chile: Ediciones Metales Pesados.

CHOULIARAKI, Lilie; STOLIC, Tijana. (2017). Rethinking media responsibility in the refugee ‘crisis’: a visual typology of European news. Media, Culture & Society, 39(8), 1162–1177. https://doi.org/10.1177/0163443717726163

COLLINS, Patrícia Hill. (2019). Pensamento feminista negro conhecimento, consciência e a politica do empoderamento. São Paulo: Boitempo.

DIDI-HUBERMAN, Georges. (2010). O que vemos, o que nos olha. São Paulo: Editora 34.

DIDI-HUBERMAN, Georges. (2011). Ante el Tiempo. Buenos Aries: Editora Adriana Hidalgo.

DIDI-HUBERMAN, Georges. (2017). Povos expostos, povos figurantes. Vista: Revista de Cultura Visual, 1 (1), 16-31. https://doi.org/10.21814/vista.2963

DIMENSTEIN, Magda; SILVA, Gabriel de Nascimento e; DANTAS, Candida; MACEDO, João Paulo; LEITE, Jáder Ferreira; ALVES FILHO, Antonio. (2020). Gênero na perspectiva decolonial: revisão integrativa no cenário latino-americano. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, 28(3), 1-14. https://doi.org/10.1590/1806-9584-2020v28n61905

FASSIN, Didier. (2016). The Value of Life and the Worth of Lives. In: DAS, Veena; HAN, Clara (eds.). Living and dying in the contemporary world: a compendium. California: The Regents of the University of California, Library of Congress, p.770-783.

FERRARESE, Estelle; LAUGIER, Sandra. (2018). Formes de vie. Paris: CNRS Éditions.

LAUGIER, Sandra. (2015). La vulnerabilité des formes de vie. Raisons politiques, 57 (1), 65-80. https://doi.org/10.3917/rai.057.0065

MARQUES, Angela; MARTINO, Luis; SOUZA, Frederico; ANTUNES, Elton. (2020). Fabular imagens intervalares e montar imagens sobreviventes.: aproximações e diferenças entre os métodos de Rancière e Didi-Huberman. Logos, 27 (1), 242-261. https://doi.org/10.12957/logos.2020.49270

MARQUES, Ângela; MARTINO, Luís. (2021). A fabulação intervalar das imagens em Jacques Rancière. Imagofagia, (24), 466–502.

IONTA, Marilda. (2017). Das amizades femininas e feministas. In: RAGO, Margareth; GALLO, Sílvio (orgs.). Michel Foucault e as insurreições: é inútil revoltar-se? São Paulo: Intermeios, p.375-386.

JARDIM, Gabriel; CAVAS, Cláudio. (2018). Pós-colonialismo e feminismo decolonial: caminhos para uma compreensão anti-essencialista do mundo. Ponto-E-Vírgula :Revista De Ciências Sociais, (22), 73-91. https://doi.org/10.23925/1982-4807.2017i22p73-91

MACÉ, Marielle. (2018). Siderar, considerar: migrantes, formas de vida. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2018.

MENDONÇA, Carlos; BIONDI, Angie. (2011). Dublê de corpo: retórica do sofrimento no fotojornalismo contemporâneo. Revista Contracampo, 22(1), 16-30. https://doi.org/10.22409/contracampo.v0i22.84

RANCIÈRE, Jacques. (2012). O destino das imagens. Rio de Janeiro: Contraponto.

RANCIÈRE, Jacques. (2018). “O desmedido momento”. Serrote, n.28, p.77-97.

RANCIÈRE, Jacques. (2021). Tempos Modernos. São Paulo: N-1.

SONTAG, S. (2003). Diante da dor dos outros. Companhia das Letras.

Publicado

2023-03-22

Número

Sección

Artigos