Vulgo Grace & o paradigma indiciário: os percursos do psicanalista-detetive no romance de Atwood

Autores

Palavras-chave:

paradigma indiciário, crime, narrativa policial, detetive, romance de época.

Resumo

Um dos difusores do método indiciário no século XIX, o romance policial constrói sua narrativa em cima do mistério que envolve o crime. Notabilizado por Edgar Allan Poe, o gênero desliza e se adapta de acordo com as questões de sua época e de seu contexto histórico. Neste artigo, busca-se refletir a obra Vulgo Grace (2017), de Margaret Atwood, a partir das convenções do gênero policial com o intuito de perceber a presença do paradigma indiciário, aqui utilizado como um percurso metodológico, na investigação da culpabilidade da protagonista do romance. Caminho investigativo trabalhado pelo médico, com técnicas detetivescas mescladas aos conhecimentos dos estudos da mente, ainda embrionários à época. As pistas deixadas pela acusada vão dividir espaço com situações que evidenciam a dificuldade de definir uma verdade única, fazendo um jogo ilusório com o detetive-psicanalista em que culpas, omissões e responsabilidades se entrelaçam e impedem a certeza dos fatos.

Biografias Autor

Tatiana Siciliano, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Professora do Departamento de Comunicação e do PPGCOM da PUC-Rio. Doutora em Antropologia Social pelo Museu Nacional - UFRJ.

Tatiana Helich, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Doutoranda em Comunicação Social pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da PUC-Rio. Mestre em Comunicação Social pelo mesmo programa.

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2022-06-03

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Artigos