Movimento AgroLigadas e a estratégia de comunicação política do agronegócio brasileiro
Palavras-chave:
Comunicação, Política, Figuras Públicas, Performance, AgropolíticoResumo
O presente trabalho reflete sobre um acontecimento na cultura política de Mato Grosso: o cultivo da participação de mulheres ligadas ao agronegócio buscando visibilidade midiática como interlocutoras na defesa dos interesses dos negócios da política do setor. O movimento chamado de “Agroligadas” foi criado em 2018, por lideranças femininas de Mato Grosso. São mulheres de diferentes perfis, mas da mesma condição social: empresárias rurais e esposas ou filhas de produtores. Com o movimento, elas ganharam espaço de interlocução na sociedade pelas performances que protagonizam em redes sociais. Em desdobramento, nossa análise situa a estratégia comunicativa do movimento, que apreende conceitos de propaganda política com o uso de imagens e palavras na argumentação de persuasão da lógica dos negócios e da autoridade política no embate com os críticos da forma de produção e do uso das entidades rurais como base de poder político. Nosso eixo teórico é a ideia relacional de comunicação de Vera França (2001), para a visada da globalidade do processo comunicativo. Incorporamos as noções de performance com Erving Goffman (2006) e de propaganda política com Nilson Lage (1985). O objetivo é a apreensão pela performance da ação de propaganda idealizada dos modos do negócio, como algo “perfeito e natural”, e no cultivo de um espaço político no conflito contra os “inimigos” do agronegócio. Incorporamos no estudo o conceito de agropolítico de Pedro Pinto de Oliveira (2019). Nossa pergunta condutora: como essa estratégia comunicativa do agronegócio, agora com a presença da imagem da mulher, serve aos interesses do setor que é ponta da economia brasileira e avança cada vez mais enquanto força política no Congresso?Referências
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