God Is A Woman: A mulher em disputa na linguagem do videoclipe
Palavras-chave:
Feminismo, Memoria Discursiva, Intericonicidade, DiscursoResumo
Este artigo apresenta análise na qual foi tomado como objeto de estudo o videoclipe God Is a Woman, da cantora Ariana Grande. A proposta foi a discussão do papel da linguagem do videoclipe como tecnologia de gênero (DE LAURETIS, 2018) que agencia a (re)produção de discursos e representações subversivas sobre a mulher e o feminino. Como metodologia de análise, foi utilizada a arqueologia foucaultiana (FOUCAULT, 2013) a qual permite, a partir de conceitos como o de rede de memórias, regularidades e dispersões e mesmo o de intericonicidade, produzido pelo francês Jean Jacques Courtine em interlocução com o pensamento de Foucault, pensar criticamente a forma como as representações postas em discurso no videoclipe recuperam e reposicionam sentidos socialmente cristalizados sobre a mulher. O pano de fundo da discussão foi a construtibilidade social da desigualdade de gêneros e, nesse seguimento, as interconexões entre discurso, linguagem e história como propagadores de representações falocêntricas em nossa sociedade, mas também como ferramentas e espaços de subversão e ruptura (DE LAURETIS, 2019; SCOTT, 2019; BUTLER, 2015).Referências
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