Suicídios, sudários e autobiografia na obra de António Lobo Antunes / Suicides, shrouds and autobiography in the work of António Lobo Antunes
Palavras-chave:
Suicídio, sudário, guerra colonial, desfiguração/figuração / Suicide, shroud, colonial war, distortion/representationResumo
Evento paulatinamente esquecido, a guerra colonial portuguesa, travada durante década e meia, deixou um pesado lastro naqueles que a fizeram. Na literatura, a obra de António Lobo Antunes será, porventura, aquela que melhor espelha o fenómeno do suicídio como efeito dessa guerra, muito em particular nos primeiros romances, mas reaparecendo num romance mais recente: Não É Meia Noite Quem Quer. Aí o suicídio não é apenas físico, mas exílio interior, solidão, fuga, mudez. Seremos ainda, como perspectivou Unamuno, um povo suicida? Ou trata-se agora de uma reavaliação colectiva, absolutamente necessária num tempo que se quer pós-colonial?
The Portuguese colonial war has been progressively forgotten, but it stayed as heavy ballast among those who fought and survived. In literature, the work of António Lobo Antunes may be the best example of the negative effects of that war, such as suicide, mostly in his first novels, although it reappeared in a recent book: Não É Meia Noite Quem Quer. Suicide is not only a physical phenomenon, but it is represented as inner exile, loneliness, escape, silence. Are we still, like Unamuno said, a suicidal nation? Or suicide is today connected with the necessity of a collective autognosis, necessary in a time that is being considered as post-colonial?
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