God Is A Woman: A mulher em disputa na linguagem do videoclipe

Autores

  • Yasmim Oliveira Maia Yas Faculdade Paraense de Ensino (Fapen)
  • Dilermado Gadelha de Vasconcelos Neto Dilermando Faculdade Paraense de Ensino (Fapen); Faculdade Pan Amazônica (Fapan); Universidade de Lisboa, UL, Portugal.
  • Will Montenegro Teixeira Will Faculdade Paraense de Ensino (Fapen); Faculdade Pan Amazônica (Fapan); Faculdade de Estudos Avançados do Pará (Feapa); Universidade da Amazônia (Unama)

Palavras-chave:

Feminismo, Memoria Discursiva, Intericonicidade, Discurso

Resumo

Este artigo apresenta análise na qual foi tomado como objeto de estudo o videoclipe God Is a Woman, da cantora Ariana Grande. A proposta foi a discussão do papel da linguagem do videoclipe como tecnologia de gênero (DE LAURETIS, 2018) que agencia a (re)produção de discursos e representações subversivas sobre a mulher e o feminino. Como metodologia de análise, foi utilizada a arqueologia foucaultiana (FOUCAULT, 2013) a qual permite, a partir de conceitos como o de rede de memórias, regularidades e dispersões e mesmo o de intericonicidade, produzido pelo francês Jean Jacques Courtine em interlocução com o pensamento de Foucault, pensar criticamente a forma como as representações postas em discurso no videoclipe recuperam e reposicionam sentidos socialmente cristalizados sobre a mulher. O pano de fundo da discussão foi a construtibilidade social da desigualdade de gêneros e, nesse seguimento, as interconexões entre discurso, linguagem e história como propagadores de representações falocêntricas em nossa sociedade, mas também como ferramentas e espaços de subversão e ruptura (DE LAURETIS, 2019; SCOTT, 2019; BUTLER, 2015). 

Biografias Autor

Yasmim Oliveira Maia Yas, Faculdade Paraense de Ensino (Fapen)

Graduada (2020) em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda pela Faculdade Paraense de Ensino (Fapen). Bacharel (2019) em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Lattes: http://lattes.cnpq.br/9478608057981367.

 

Dilermado Gadelha de Vasconcelos Neto Dilermando, Faculdade Paraense de Ensino (Fapen); Faculdade Pan Amazônica (Fapan); Universidade de Lisboa, UL, Portugal.

Doutorando em Estudos de Gênero pela Universidade de Lisboa (Portugal). Mestre em Ciências da Comunicação pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Bacharel em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela UFPA. Docente dos cursos de Comunicação Social da Faculdade Paraense de Ensino (Fapen) e da Faculdade Pan Amazônica (Fapan). Lattes: http://lattes.cnpq.br/3767221685180996.

 

Will Montenegro Teixeira Will, Faculdade Paraense de Ensino (Fapen); Faculdade Pan Amazônica (Fapan); Faculdade de Estudos Avançados do Pará (Feapa); Universidade da Amazônia (Unama)

Doutor em Comunicação, Linguagens e Cultura pela Universidade da Amazônia (Unama). Mestre em Ciências Sociais - área de concentração em Sociologia - pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Especialista em Artes Visuais: Cultura e Criação pelo Senac (Senac/RJ). Pós-graduado em Aperfeiçoamento para a Sustentabilidade e Responsabilidade Social pela Fundação Dom Cabral (FDC/MG). Bacharel em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade da Amazônia (Unama). Jornalista profissional (MTE nº. 2.298). Docente e coordenador dos cursos de graduação em Comunicação Social - Publicidade e Propaganda da Faculdade Paraense de Ensino (Fapen) e Faculdade Pan Amazônica (Fapan). Docente dos cursos de graduação em Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Design da Faculdade de Estudos Avançados do Pará (Feapa). Pesquisador do grupo de pesquisa Comunicação, linguagens, discursos e memórias na Amazônia da UFPA (certificado pelo CNPq). Integrante do grupo de pesquisa Interfaces do Texto Amazônico (Gita) da Unama. Lattes: http://lattes.cnpq.br/6052214377870325. 

Referências

AMARAL, Gabriela Ferreira (2016). Who run the world? Girls! O polemic feminism em Beyoncé Knowles. 2016. 62 f. Trabalho de conclusão de curso (graduação)- Escola de Comunicação. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

ARAUJO, Denise Castilhos de; LOPES, Bianca (2017). Feminismo na música: uma análise do videoclipe “Run the world (Girls)”, da Beyoncé. Ártemis, Vol. XXIV no 1; jul-dez, p. 179-188.

ARENDT, Hannah (2015). A condição humana. Rio de Janeiro: Forense universitária.

BARROS, Maria Beatriz dos Santos (2019). Causando um tombamento: Karol Conká e uma negritude empoderada possível. In III jornada internacional GEMInIS (JIG 2018), São Paulo. Disponível em: https://doity.com.br/anais/jig2018/trabalho/82391 acesso em: 01 dez. 2019.

BEAUVOIR, Simone de (1997). O segundo sexo: a experiência vivida. Trad. Sérgio Milliet. Difusão Europeia do Livro, 2ª edição. p. 499.

BORSA, Juliane Callegaro; FEIL, Cristiane Friedrich. O papel da mulher no contexto familiar: uma breve reflexão. Disponível em: https://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0419.pdf acesso em: 01 dez. 2019.

BRAGA, Amanda (2012). Análise do discurso: novos olhares. Eutomia v. 1, n. 09.

BRITO, Carolina Araujo (2017). O videoclipe como ferramenta de ativismo digital pró feminismo. In XII colóquio de representações de gênero e sexualidades (CONAGES), Campina Grande. Disponível em: https://editorarealize.com.br/revistas/conages/trabalhos/TRABALHO_EV053_MD1_SA3_ID1972_25052016200754.pdf. Acesso em: 01 dez. 2019.

BUTLER, Judith (2019). Problemas de gênero: feminismo e subversão de identidade. Trad. Renato de Aguiar. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 17ª edição.

BIZIAK, Jacob dos Santos (2019). Foucault via Butler: ou reflexão sobre a metáfora, sujeito, corpo e discurso. Redisco, Vitória da Conquista, v.14. N. 1, p. 87-102.

CORRÊA, Laura Josani Andrade (2007). Breve história do videoclipe. In VIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação no Centro-oeste, Cuiabá. Disponível em: http://www.intercom.org.br/papers/regionais/centrooeste2007/resumos/R0058-1.pdf acesso em: 01 dez. 2019.

COURTINE, Jean-Jacques (2011). Discurso e imagens: para uma arqueologia do imaginário. In PIOVEZANI, Carlos; CURCINO, Luzmara; SARGENTINI, Vanice (orgs). Discurso, Semiologia e história. São Carlos: Claraluz.

COURTINE, Jean-Jacques (2013). Decifrar o corpo: pensar com Foucault. Trad. Francisco Morás. Petrópolis: Vozes.

CRUZ, Maria Helena Santana (2018). Empoderamento das mulheres. Inc. Soc., Brasília, DF, v.11 n.2, p.101-114, jan./jun.

CURCINO, Luzmara (2011). Os sentidos do olhar: leitor e a escrita da mídia nas sociedades democráticas. In: PIOVEZANI, Carlos; CURCINO, Luzmara; SARGENTINI, Vanice (orgs). Discurso, Semiologia e história. São Carlos: Claraluz.

FERNANDES, Cleudemar Alves (2008). Análise do discurso: reflexões introdutórias. São Carlos: Editora Claraluz, 2ª Ed.

FERNANDES, Cleudemar Alves (2012). Discurso e sujeito em Michel Foucault. São Paulo: Intermeios.

FONTANA, Mônica Zoppi (2013). As imagens do invisível. In :FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso: aula inaugural no collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. Trad. Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo: Loyola, 23ª edição.

FOUCAULT, Michel (1987). Vigiar e punir: nascimento da prisão. Trad. Raquel Ramalhete. Petrópolis: Vozes.

FOUCAULT, Michel (1989). Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 8. ed.

FOUCAULT, Michel (1988). História da sexualidade I: a vontade de saber. Trad. Maria Thereza da Costa Albuquerque. Rio de Janeiro: Graal.

FOUCAULT, Michel (2008). Arqueologia do saber. Trad. Luis Felipe Baeta Neves, Rio de Janeiro: Forense Universitária. 7ª edição.

GREGOLIN, Maria do Rosário (2006). Foucault e Pêcheux na análise do discurso: diálogos & duelos. São Carlos: Editora Claraluz, 2ª Ed.

GREGOLIN, Maria do Rosário (2005). Formação discursiva, redes de memória e trajetos sociais de sentido: mídia e produção de identidades. In; II seminário de análise do discurso SEAD, Porto Alegre. Disponível em: https://moodle.ufsc.br/pluginfile.php/1867818/mod_resource/content/1/Gregolin_Formacao_discursiva_redes_de_memoria.pdf. Acesso em: 01 dez. 2019.

HEFFEL, Carla Kristiane Michel; SILVA, Vinicius da (2017). A construção da autonomia feminina: o empoderamento pelo capital social. In: XII colóquio de representações de gênero e sexualidades (CONAGES), Campina Grande. Disponível em: https://editorarealize.com.br/revistas/conages/trabalhos/TRABALHO_EV053_MD1_SA8_ID1895_11052016133624.pdf. Acesso em: 01 dez. 2019.

IOP, Elizandra (2009). Condição da mulher como propriedade em sociedades patriarcais. Visão Global, Joaçaba, v. 12, n. 2, p. 231-250, jul./dez.

IRIGARAY, Luce (2017). Este sexo que não é só sexo. Trad. Cecília Prada. São Paulo: Senac.

JOANILHO, André Luiz; JOANILHO, Mariângela P. Galli. Enunciado e sentido em Michel Foucault. Disponível em: http://www.revistalinguas.com/edicao27e28/artigo2.pdf. Acesso em: 01 dez. 2019.

KLEBA, Maria Elizabeth; WENDAUSEN, Agueda (2009). Empoderamento: processo de fortalecimento dos sujeitos nos espaços de participação social e democratização política. Saúde Soc. São Paulo, v.18, n.4, p.733-743.

KOGAWA, João (2015). Qual via para análise do discurso?: Uma entrevista com Jean-Jacques Courtine. Alfa, São Paulo, p. 407-417.

LAURETIS, Teresa de (2019). Teoria queer, 20 anos depois: identidade, sexualidade e política. In: LORDE, Audre et al. Pensamento Feminista: conceitos fundamentais. Heloísa Buarque de Hollanda (Org.). Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 411-420.

LAURETIS, Teresa de (2019). Tecnologias de gênero. In: LORDE, Audre et al. Pensamento Feminista: conceitos fundamentais. Heloísa Buarque de Hollanda (Org.). Rio de Janeiro: Bazar do Tempo.

LIMA, Karoline; GIL, Beatriz Cerisara. Olympe de Gouges e engajamentos feministas durante a Revolução Francesa. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/136587/Poster_41561.pdf?sequence=2 Acesso em: 01 dez. 2019.

LORDE, Audre et al (2019). Pensamento Feminista: conceitos fundamentais. Org. Heloísa Buarque de Hollanda. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo.

LOURO, Guacira Lopes et al (2016). O corpo educado: pedagogia da sexualidade. Org. Guacira Lopes Louro. Autêntica, 2016. 3ª edição.

MILANEZ, Nilton (2011). Materialidades da paixão: sentidos para uma semiologia do corpo. In: PIOVEZANI, Carlos; CURCINO, Luzmara; SARGENTINI, Vanice (orgs). Discurso, Semiologia e história. São Carlos: Claraluz.

MILANEZ, Nilton; GONÇALVES, Lívia Jeanne (2018). Corpo e práticas libertárias: uma genealogia das mãos em videoclipes de divas pops (1983-2017). Linguasagem, São Carlos, v.29, n.1, p. 147-164, jul./dez.

MILANEZ, Nilton (2011). A cuca vai pegar! Medidas do corpo no caldeirão do medo. Maringá, v. 33, n. 2, p. 251-258.

MILANEZ, Nilton (2011). O nó discursivo entre corpo e imagem: Interseccionalidade e brasilidade. In: TFOUNI, Leda Verdiani; MONTE-SERRAT, Dionéia Motta; CHIARRETI, Paula (orgs.). Análise do discurso e suas interfaces. São Paulo: Pedro & João Editores, p. 277-296.

NERCOLINI, Marildo José; HOLZBACH, Ariane Diniz. Videoclipe em tempos de reconfigurações. Disponível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/viewFile/5841/4235 Acesso em: 01 dez. 2019.

OLIVEIRA, Tauani Susi da Silva Marques; SOUSA, Monica Christina Pereire de (2016). Feminismo, música e indústria cultural: um olhar sobre três singles da artista Beyoncé. In: XXXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (INTERCOM), São Paulo. Disponível em: http://portalintercom.org.br/anais/nacional2016/resumos/R11-1520-1.pdf Acesso em: 01 dez.2019.

PAES, Audicéria Maria de Souza; MOTA, José Ribamar Alves; TOCATINS, Raimundo de Araújo (2015). Dialógos entre imagens: um caso de intericonicidade. Anagrama, São Paulo. V. 9, N. 2, p. 1-17 julho/dezembro.

PEDRAZZA, Danilo; KURTZ; Adriana Schryver (2016). Mídia e Feminismo pop no disco visual “Beyoncé”. In: XVII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul (INTERCOM), Curitiba. Disponível em: http://www.portalintercom.org.br/anais/sul2016/resumos/R50-1265-1.pdf Acesso em: 01 dez. 2019.

PERECINI, Tiago Bretan (2015). O enunciado no pensamento arqueológico de Michel Foucault. Kínesis, Vol. VII, n° 15, Dezembro, p.135-150.

PINTO, Rafael Mendonça Lisita (2013). Subversão, Performance e Mainstream: a representação dos gêneros nos videoclipes da Lady Gaga. In: IV Encontro Nacional de Estudos da Imagem, Londrina. Disponível em: http://www.uel.br/eventos/eneimagem/2013/anais2013/trabalhos/pdf/Rafael%20Mendonca%20Lisita%20Pinto.pdf Acesso em: 01 dez. 2019.

PIOVEZANI, Carlos; CURCINO, Luzmara; SARGENTINI, Vanice (orgs) (2011). Discurso, Semiologia e história. São Carlos: Claraluz.

RIBEIRO, Djamila (2013). Para além da biologia: Beauvoir e a refutação do sexismo biológico. Belo Horizonte, v.4 - n.7, p.506-509.

RISIO, Jessica Di (2018). Ariana Grande e o épico vídeo de “God is a woman”. Music Vídeo Festival. São Paulo. Disponível em: https://www.musicvideofestival.com.br/ariana-grande-e-o-epico-video-de-god-is-a-woman/. Acesso em: 01 dez. 2018.

RUBIN, Gayle (2017). Políticas do sexo. Trad. Jamille Pinheiro Dias. São Paulo: UBU.

SANDENBERG, Cecília M. B (2016). Conceituando “empoderamento” na perspectiva feminista. In: I Seminário Internacional: Trilhas do Empoderamento de Mulheres, Salvador. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/6848/1/Conceituando%20Empoderamento%20na%20Perspectiva%20Feminista.pdf. Acesso em: 01 dez. 2019.

SCOTT, Joan (2019). Gênero uma categoria útil para análise histórica. In: LORDE, Audre et al. Pensamento Feminista: conceitos fundamentais. Org. Heloísa Buarque de Hollanda. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, p. 49-82.

SILVA, Ananias Agostinho (2016). Intericonicidade e memória discursiva: performance de Lady Gaga no videoclipe Aplause. Claraboia, Jacarezinho, v.6, p. 38-54, jul./dez.

SOARES, Thiago (2012). Videoclipe: o elogio da desarmonia. João Pessoa: Marca de Fantasia.

TILLY, Louise A. Gênero, história das mulheres e história social. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/1722 Acesso em; 01 dez. 2019.

VELASCO, Tiago. Pop: em busca de um conceito. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/animus/article/view/2376 Acesso em: 01 dez.2019.

WITTIG, Monique (2019). Não se nasce mulher. In: LORDE, Audre et al. Pensamento Feminista: conceitos fundamentais. Heloísa Buarque de Hollanda (Org.). Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, p. 95-120.

ZOMER, Denise (2012). Pós-modernidade e suas significações: A mulher como tema em videoclipes de música pop. Trabalho de Conclusão de Curso (especialização)- Educação estética, Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma.

Downloads

Publicado

2021-07-23