O funcionamento da ludus-gamificação e a servidão maquínica

Autores

  • Mariana Amaro Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Camila Freitas Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Palavras-chave:

Servidão Maquínica, Jogo, Lógica, Gamificação.

Resumo

Neste artigo de caráter teórico propomos uma correlação entre a noção de servidão maquínica e o fenômeno da gamificação, a fim de apresentar como alguns processos constitutivos do ambiente dos jogos racionais reforçam a manutenção da servidão maquínica, sobretudo ao invisibilizar o funcionamento fenomênico da máquina social e ao conferir uma nova camada de significado dotada de valores e de sentidos contrários àqueles experenciados pela parte humana articulada nessa dinâmica. Para isso, retomamos a compreensão de Huizinga e Caillois sobre o funcionamento das estruturas de jogo e jogar. Em seguida, tratamos da abordagem semiótica dos elementos e do funcionamento da máquina abstrata de Deleuze e Guattari e de sua relação com a servidão maquínica de Lazzarato, além de explicarmos como jogo e semiótica crítica se vinculam na gamificação. Por fim, trazemos a proposição de que a paidia pode auxiliar a romper com a ética e a lógica da máquina capitalista.

 

In this theoretical paper, we propose a correlation between the notion of mechanical enslavement and the gamification phenomenon in order to present how some processes that constitute the environment of rational games reinforce the maintenance of machinic servitude, especially by making invisible the social machine’s phenomenal functioning and by imparting a new layer of meaning endowed with values and meanings contrary to those experienced by the human part ar culated in this dynamic. In order to do this, we return to Huizinga and Caillois’ understanding of the functioning of game structures and play. Then we approach Deleuze and Guattari’s semiotic approach of abstract machine’s elements and operation regarding Lazzarato’s mechanical enslavement to explain how game and critical semiotics are linked in gamification. Finally, we present the proposition that paidia can help to disrupt the capitalist machine’s ethics and logic.

Referências

ASHBY, W. R. (1970). Introdução à cibernética. São Paulo, SP: Perspectiva.

BELLHOUSE, D. (2005, May). Decoding Cardano’s Liber de ludo aleae. Historia Mathematica, 32 (2), 180–202. Recuperado de https://www.sciencedirect.com/science/arcle/pii/S0315086004000400. Acesso em: 2 março 2018.

CAILLOIS, R. (2001). Man, play and games. Chicago, IL: University of Illinois Press.

DELEUZE, G. & GUATTARI, F. (2012). Mil platôs: Capitalismo e esquizofrenia (vol. 4). São Paulo, SP: Editora 34.

DERRIDA, J. (1971). A estrutura, o signo e o jogo no discurso das Ciências Humanas. In DERRIDA, J., A Escritura e a diferença (pp. 229-249). São Paulo, SP: Perspectiva.

DRAGONA, D. (2014). Counter-gamification: emerging tactics and practices against the rule of numbers. In FUCHS, M., FIZEK, S., RUFFINO, P., SCHRAPE, N. (Eds.). Rethinking gamification (pp. 227-250). Lüneburg, GER: Meson Press. [Versão em PDF]. Recuperado de http://meson.press/books/rethinking-gamification/. Acesso em: 2 março 2018.

FUCHS, M., FIZEK, S., RUFFINO, P., SCHRAPE N. (2014). Introduction. In FUCHS, M., FIZEK, S., RUFFINO, P., SCHRAPE, N. (Eds.). Rethinking gamification (pp. 7-17). Lüneburg, GER: Meson Press. [Versão em PDF]. Recuperado de http://meson.press/books/rethinking-gamification/. Acesso em: 2 março 2018.

HUIZINGA, J. (2010). Homo ludens: O jogo como elemento da cultura (6 ed.). São Paulo, SP: Perspectiva.

LATOUR, B. (2005). Reassembling the social: An introducon to Actor-Networking-Theory. New York, NY: Oxford University Press.

LAZZARATO, M. (2006). As revoluções do capitalismo. Rio de Janeiro, RJ: Civilização Brasileira: 2006.

LAZZARATO, M. (2014). Signos, máquinas, subjetividades. São Paulo, SP: Edições Sesc São Paulo & N-1 edições.

NAKAGAWA, R. M.; SILVA, A. R. da. (2014). O processo semiótico da comunicação como estratificação e modelização. Anais do XXXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, Foz do Iguaçu, PR. Recuperado de <http://www.intercom.org.br/sis/2014/resumos/R9- 1676-1.pdf>. Acesso em: 2 março 2018.

SCHRAPE, N. (2014). Gamifica on and governmentality. In FUCHS, M., FIZEK, S., RUFFINO, P., SCHRAPE, N. (Eds.).. Rethinking gamification (pp. 21-46). Lüneburg, GER: Meson Press. [Versão em PDF]. Recuperado de http://meson. press/books/rethinking-gamification/. Acesso em: 2 março 2018.

SILVA, A. R. da., ARAUJO, A., BORBA, C. de, BENTZ, I. M., OLIVEIRA, L., TELLES, M., NAKAGAWA, R. M. (2015). Semiótica crítica: fundamentos epistemológicos e percursos da pesquisa. Porto Alegre, RS: Ufrgs, 2015. [Versão em PDF]. Recuperado de http://hdl.handle. net/10183/147914. Acesso em: 2 março 2018.

SILVA, A. R. da. & ARAUJO, A. (2015, dezembro). Semiótica Crítica: materialidades, acontecimento e micropolícas. Intexto, 34, 132-145. doi: 10.19132/1807- 8583201534.132-145. Acesso em: 2 março 2018.

TIESSEN, M. (2014). Gamed agencies: affectively modulating our screen- and app-based digital futures. In FUCHS, M., FIZEK, S., RUFFINO, P., SCHRAPE, N. (Eds.). Rethinking gamification (pp. 251-269). Lüneburg, GER: Meson Press. [Versão em PDF]. Recuperado de http://meson.press/ books/rethinking-gamification/. Acesso em: 2 março 2018.

WIENER, N. (1961) Cybernetics: Or control and communication in the animal and the machine (2 ed.). Paris, FR & & Cambridge, MA: Hermann & Cie & MIT Press.

Downloads

Publicado

2018-07-10

Edição

Secção

Artigos