Tempo, Morte e Narrativa em O Retrato de Dorian Gray

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Palavras-chave:

Tempo, Narrativa, Imagem, Memória, Morte

Resumo

Este ensaio discute as dimensões de temporalidade contidas no romance O Retrato de Dorian Gray (Oscar Wilde, 1890), isto é, como o caráter temporal da experiência se articula na história. Para tal, partirá da premissa de Paul Ricoeur (2016): “O tempo se torna tempo humano na medida em que está articulado de maneira narrativa; em contraposição, a narrativa é significativa na medida em que desenha as características da experiência temporal”. Reconhecendo a iconicidade da imagem de Dorian, registro de sua beleza e juventude, procurar-se-á perceber como o retrato exerce uma função unificadora do “eu no tempo” e, paradoxalmente, revela o desfasamento do “ser eu e já outro”. Mas há uma inversão: a imagem sofre com a passagem do tempo, enquanto o corpo do sujeito permanece o mesmo. Assim, o tempo da narrativa subverte o do “mundo ação”, levantando uma reflexão filosófica acerca da morte e da eternidade.

Biografia Autor

Ana Carolina Fiuza Fernandes, Instituto de Comunicação da NOVA - ICNOVA Universidade Nova de Lisboa

Ana Carolina Fiuza é licenciada em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Mestre em Ciências da Comunicação pela NOVA-FCSH, e atualmente está a cursar o doutoramento em Ciências da Comunicação, variante Cultura Contemporânea e Novas Tecnologias, também na NOVA-FCSH. Sua investigação, sob a orientação científica de José A. Bragança de Miranda, busca traçar uma genealogia dos corpos artificiais, utilizando como lente analítica e ferramenta metodológica narrativas de ficção científica, enquanto forma privilegiada de representação das mudanças tecno-científicas em curso, assim como das noções de corporeidade que destas decorrem.

Referências

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Publicado

2022-06-03

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Artigos