O cinema de Trinh T. Minh-ha: intervalos entre Antropologia, Cinema e Artes Visuais
Resumo
Trinh T. Minh-ha é uma cineasta e intelectual vietnamita, radicada nos Estados Unidos desde os anos 1970. Possui formação acadêmica multidisci- plinar, com estudos na área de composição musical, de etnomusicologia e de literatura comparada. Nas últimas décadas tem atuado com destaque em diver- sos campos da produção artística e também da produção acadêmica. Realizou oito filmes, entre médias e longas-metragens, montou cinco instalações multi- mídia e publicou quatorze livros, entre obras artísticas, coletâneas de roteiros e entrevistas e ensaios teóricos. Seus filmes provocam as convenções de dife- rentes searas fílmicas, transitando nos intervalos entre o documentário, o filme etnográfico, o cinema experimental e o cinema narrativo. Em sua produção, tanto intelectual quanto fílmica, encontramos questões que atravessam de um campo a outro, subvertendo as fronteiras e criando intersecções entre a teoria e a prática de modo a questionar os lugares determinados entre saberes, re- lacionando as artes e as ciências de modo inovador. Seus temas de interesse giram em torno das formas de representação da diferença cultural, a condição feminina e questões de identidade. Nossa pesquisa se debruça sobre seus fil- mes propondo um duplo movimento de relacionamento: um primeiro que vem da teoria em direção aos filmes, para investigar como as estratégias inovado- ras utilizadas em seu cinema dialogam com a teoria social, de modo a pensar outros marcos na relação entre o cinema e antropologia. O segundo parte dos filme em direção à teoria do cinema, mais precisamente a teoria dedicada ao cinema documentário, para analisar como seus filmes podem contribuir para expandir o debate sobre esse domínio cinematográfico por oferecer contribui- ções originais e desafiadoras em relação aos pilares essenciais desse tipo de cinema, que são aqueles ligados às estratégias de filmagem e à relação entre quem filma e quem é filmado. Entendemos seus filmes como casos exemplares que nos permitem pensar o cinema documentário em sua plenitude poética e que contribuem de modo original em relação àquela que talvez seja a grande contribuição da tradição do documentário para o cinema, a questão ética. Para investigar uma produção tão desafiadora e questionadora dos cânones tradici- onais das áreas com as quais dialoga, nosso referencial teórico está constituído a partir de contribuições vindas do campo da antropologia, da teoria do cinema e das artes.
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