Um cinema expandido: a experiência teórico-prática da Escola Livre de Cinema de Nova Iguaçu

Autores

  • Theresa Christina Barbosa de Medeiros Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Resumo

A pesquisa investiga o processo de criação cinematográfico a partir da experiência teórico-prática da Escola Livre de Cinema de Nova Iguaçu (ELC), localizada no bairro de Austin, na região da Baixada Fluminense. Trata-se de um estudo realizado durante o ano de 2014, a partir de uma aproximação com a metodologia da escola e da observação das aulas de uma das turmas - especificamente dos dispositivos de criação que culminaram na videodança Montão de Coisa (2014). A empiria apresentada está pautada nos registros das oficinas de audiovisual ministradas pelos mediadores da escola, nas anotações em caderno de campo, em registros fotográficos e vídeos feitos pela pesquisadora, no material publicizado pela ELC e também em duas entrevistas com a produtora, concedidas ao longo da pesquisa de campo. Advindas dos conceitos norteadores da metodologia da ELC, as categorias corpo, palavra e território aparecem nesta tese como chaves de leitura do processo de criação a fim de evidenciar as relações que permeiam o fazer cinematográfico na experiência da escola e mobilizam a criação da videodança em questão. A análise empreendida revela como o encontro destes sujeitos com o cinema, atravessado por processos criativos e subjetivos, permite que estes vivenciem uma experiência de alteridade, ou seja, de encontro com o outro e o mundo. Ao mesmo tempo, as tensões que permeiam este processo potencializam o encorajamento estético, dando, pois, a essa experiência também um caráter estético. Enquanto a palavra aparece como forma de expressão, enfatizando um campo simbólico, valorizando as singularidades linguísticas e gestuais dos alunos e mediadores, o corpo surge com suas tensões (aquele que opera a câmera e aquele que é filmado por ela) e a gestualidade extraída, trazida e trabalhada pelos alunos e mediadores. Por fim, é “com” e “no” território que essas ações se efetivam, tornando-o uma peça fundamental para entender como as ações de criação da ELC acontecem. Assim sendo, pensando o cinema expandido como aquele que ultrapassa os limites do cinema convencional (aquele cristalizado pelo cinema industrial e de entretenimento) e se projeta em outras telas, em outros espaços, conclui-se ser este o cinema vivenciado em Austin. Visto pelo viés de uma expansão, em meio às ações que são frutos dos dispositivos e das tensões que permeiam o processo de criação, ele [o cinema] se constitui em meio à inventividade do cotidiano daquele espaço e à criatividade dos sujeitos envolvidos.

Biografia Autor

Theresa Christina Barbosa de Medeiros, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Doutora em Comunicação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2017), com período de estágio sanduíche na Università degli Studi Firenze (Itália/2015). Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Estudos da Mídia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2011), com graduação em Comunicação Social - habilitação em Jornalismo, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2007). Tem formação técnica e experiência na área de web design, com ênfase em web criação e design de interface. Possuí experiência docente em direção de arte, produção audiovisual, design visual, estética, fotografia e iluminação, jornalismo impresso e planejamento gráfico. Atualmente desenvolve pesquisas em cinema, especialmente nas interfaces do cinema e processos criativos e cinema e educação.

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Publicado

2018-09-28

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