Flutuar entre as imagens: Purple sea e as vidas migrantes à deriva

Autores

  • Ricardo Lessa Filho
  • Ângela Cristina Salgueiro Marques

Palavras-chave:

refugiados, migrantes, imagens, hospitalidade, experiência limítrofe

Resumo

O artigo se propõe a pensar, a partir do documental Purple sea (2020), dirigido por Amel Alzakout e Khaled Abdulwahed, sobre os registros visuais realizados por Alzakout quando o barco em que ela estava indo, da Síria para Grécia, afunda. A diretora, mesmo à deriva em mar aberto e juntamente com outros refugiados/migrantes, empunha a sua câmera e filma, através de enquadramentos trêmulos e desnorteados, os momentos de desespero e incerteza das vidas migrantes à deriva. Para além de uma proposta baseada no conceito de visualidade háptica para analisar as imagens que o documental nos apresenta, o artigo também buscará discutir as concepções acerca da ideia de hospitalidade, à luz dos refugiados e migrantes a partir dos desdobramentos filosóficos de Jacques Derrida, Georges Didi-Huberman, Marielle Macé e Gilles Clément.

Referências

Agamben, G. (2001). Medios sin fin. Valencia: Pre-textos.

Arendt, H. (2013). Nós, os refugiados. Covilhã: LusoSofia press.

Benjamin, W. (2000). Sur le concept d’histoire [1940]. In W. Benjamin, OEuvres, III, Paris: Gallimard.

Benveniste, É. (1969). Le vocabulaire des institutions indo-européennes. Paris: Les Éditions de Minuit.

Bergson, H. (2006). Memória e vida. São Paulo: Martins Fontes.

Brossat, A. (2014). La resistencia infinita. Valência: Tirant Humanidades.

Clément, G. et al. (2018). Migrar, uma condição de existência do vivente. Disponível em: https://flanagens.blogspot.com/2018/09/migrar-uma-condicao-deexistencia-do.html

Deleuze, G. (1992). Conversações. São Paulo: Editora 34.

Deleuze, G.; Guattari, F. (1997). O liso e o estriado. Trad. Peter Pál Pelbart e Janice Caiafa. In. Mil Platôs – capitalismo e esquizofrenia (pp.191-228). São Paulo: Ed. 34.

Derrida, J. (1994). Espectros de Marx: o estado da dívida, o trabalho do luto e a nova internacional. Rio de Janeiro: Relume-Dumará.

Derrida, J. (2000). Poetics and politics of witnessing. In M. P. Clark (ed.), Revenge of the aesthetic (pp. 180-206). Los Angeles: University of California Press.

Derrida, J. (2003). Da hospitalidade. São Paulo: Escuta.

Derrida, J. (2011). El tocar, Jean-Luc Nancy. Buenos Aires: Amorrortu.

De Meneses, R. D. B. (2012). Da hospitalidade em Derrida ao acolhimento em saúde. Lisboa: Tese de Doutorado, Universidade Católica Portuguesa.

Didi-Huberman, G. (2003). Images malgré tout. Paris: Éditions de Minuit.

Didi-Huberman, G. (2018). Pasar, cueste lo que cueste. Cantabria: Shangrila Textos Aparte.

Didi-Huberman, G. (2016). Peuples en larmes, peuples en armes. Paris: Éditions de Minuit.

Didi-Huberman, G. (2012). Peuples exposés, peuples figurants, L’Oeil de l’Histoire, 4. Paris, Éditions de Minuit.

Didi-Huberman, G. (2015). Remontajes del tiempo padecido: el ojo de la historia, 2. Buenos Aires: Biblos.

Didi-Huberman, G. (2021). Sair da escuridão. Belo Horizonte: Edições Chão da Feira.

Fiddian-Qasmiyeh, E. (2014). Gender and forced migration. In E. Fiddian-Qasmiyeh, G. Loescher, K. Long, & N. Sigona (eds.), The Oxford handbook of refugee and forced migration studies (pp. 311-320). Oxford: Oxford University Press.

Hastings, M.; Héraud. B.; Kerlan, A. (2018). Du côté de chez l’accueillant. Hommes & migrations, 4(1323): 9-15.

Lapoujade, D. (2017). Existências mínimas. São Paulo: n-1 edições.

Lessa Filho, R. & Vieira, F. (2020). Human flow: atravessar, custe o que custar. Animus - Revista Interamericana de Comunicação Midiática, 19(39): 238-261.

Levinas, E. (1995). Alterité et transcendence. Paris: Fata Morgana.

Macé, M. (2018). Siderar, considerar: migrantes, formas de vida. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo.

Marks, L. (2000). The skin of the film. Durham: Duke University

Press.

Marks, L. (2002). Touch: sensous theory and multisensory media. Minneapolis/London: University of Minnesota Press.

Penafria, M. (2005). Em busca do perfeito realismo. In L. M. Silveira & D. C. Araujo (eds.), Revista Tecnologia e Sociedade (pp. 177-196). Curitiba: Editora UTFPR.

Reis Filho, O. (2012). Reconfigurações do olhar: o háptico na cultura visual contemporânea. Visualidades (UFG), 10 (2), 75-89.

Ribeiro, Jr., N. (2019a). Poemática imagem de um Rosto: [Semio]ética da comunicação e da fotografia. In: Vieira, F.; Marques, A. (eds.). Imagens e alteridades (pp.46-65). Belo Horizonte: Selo PPGCOM, UFMG.

Ribeiro, Jr., N. (2019b). Sabedoria da carne: uma filosofia da sensibilidade ética em Emmanuel Lévinas. São Paulo: Loyola.

Richmond, A. H. (1993). Reactive migration: sociological perspectives on refugee movements. Journal of Refugee Studies, 6(01): 7-24.

Silva, T. T. (2017). O sentido háptico e a politização da imagem contemporânea, Discursos Fotográficos, 13 (22): 236-257.

Stavo-Debauge, J. (2017). Qu’est-ce que l’hospitalité? Recevoir l’étranger à la communauté. Montréal: Liber.

Downloads

Publicado

2022-06-27